O impacto da IA: milagre econômico ou risco à vista?
O frenesi em torno da inteligência artificial (IA) tem se mostrado um dos motores da economia dos Estados Unidos, mas essa empolgação vem acompanhada de incertezas sobre sua longevidade. De acordo com um relatório do Deutsche Bank, os investimentos em IA estão tão altos que têm sustentado o crescimento do PIB americano, mas a questão que fica é: até quando isso vai durar?
Boom da IA como motor da economia norte-americana
Os números falam por si. Os investimentos em tecnologia e software ligados à IA estão fazendo a diferença no PIB dos EUA, contribuindo com mais de 1 ponto percentual, um feito inédito. Para se ter uma ideia, esse crescimento já superou até mesmo o auge da bolha das “pontocom” em 1998. Apesar disso, os ganhos em produtividade ainda não refletem o montante investido. É como se estivéssemos colocando muito carvão na fogueira, mas a chama não está crescendo na mesma proporção.
Investimentos bilionários, retorno limitado
Se olharmos para os dados do Goldman Sachs, entre 2023 e 2025, o investimento global em IA alcançou impressionantes US$ 368 bilhões. Boa parte desses recursos foi destinada à infraestrutura, como a construção de data centers e a modernização de sistemas de energia. Contudo, quando se trata de retornos em eficiência, a realidade é um pouco mais contraditória. Até agora, os resultados práticos são modestos, levando a uma certa preocupação sobre a viabilidade desse modelo.
O risco de um crescimento insustentável
Esse aumento acelerado nos gastos parece mais uma maré do que um ciclo sustentável. Quando a construção das infraestruturas for finalizada, a expectativa é que esse impulso econômico diminua. Isso pode provocar correções nos mercados, especialmente considerando que as ações de tecnologia foram responsáveis por cerca de metade dos ganhos do S&P 500 neste ano. Então, uma desaceleração no setor de IA poderia ter consequências diretas tanto para o PIB quanto para os mercados financeiros.
O déficit de US$ 800 bilhões
Um dado alarmante é que a consultoria Bain & Co. estima que, para acompanhar a demanda por poder computacional, o setor de IA precisaria de US$ 2 trilhões anuais até 2030. Mesmo com melhorias de eficiência, ainda haveria um déficit de US$ 800 bilhões em receitas. Essa situação gera a questão: quem vai bancar essa expansão? Se a demanda por processamento não se alinhar com a capacidade de gerar receitas, poderemos enfrentar uma situação semelhante à da bolha da internet nos anos 2000.
Produtividade futura pode suavizar riscos
Mas nem tudo é desolador. O Goldman Sachs acredita que, com o tempo, os ganhos de produtividade da IA vão se concretizar, embora lentamente. No curto prazo, esses ganhos podem adicionar até 0,4 ponto percentual ao PIB dos EUA por ano; no longo prazo, esse número pode chegar a 1,5% ao ano. Essa perspectiva indica que o boom da IA pode realmente transformar a economia, mas não na velocidade que justifique os gastos exorbitantes que estamos vendo agora.





